A agricultura contemporânea embute serviços e tecnologia na venda dos insumos, o que leva a um ciclo de ganha-ganha.
Dentre os insumos utilizados na condução de uma lavoura, existem os construtores da produtividade e os defensores desta produtividade. É claro pensar que os defensivos agrícolas, como o próprio nome diz, estão listados na classe dos defensores da produtividade. Porém, não adianta pensar em uma boa defesa sem a escolha correta dos insumos de construção do potencial produtivo da lavoura. Neste sentido, nenhum insumo contribui de forma tão expressiva para a construção de uma boa produtividade como a semente. Além de trazer toda tecnologia do melhoramento genético – que por anos selecionou as melhores variedades para um alto desempenho produtivo –, a semente de qualidade originará uma planta saudável e resistente.
Assim, iniciar a safra com uma semente duvidosa, sem a garantia e a qualidade proporcionada por uma semente certificada, é colocar em risco todo o ano agrícola de uma lavoura. Somente quando adquire este insumo de um produtor de sementes é que se torna possível obter garantias de qualidade e de origem. Tais garantias podem ser essenciais na busca por lucratividade em um ano com margens apertadas, como o atual.
A despeito dessa clara constatação, o número de produtores que lançam mão da utilização de sementes sem origem ou de uso próprio no plantio de suas lavouras ainda é expressivo. Mesmo diante da dificuldade que é produzir uma semente de qualidade – algo que o produtor de sementes investe grande esforço e capital –, há agricultores que apostam na solução caseira de produção de sementes, ou pior, adquirem este importante insumo de uma fonte nada confiável, ou seja, uma semente pirata.
Vale salientar que a semente comercializada por um produtor de sementes licenciado, além de atender todos os requisitos obrigatórios de qualidade e sanidade, atende aos requisitos edafoclimáticos das diferentes regiões de plantio. Este diferencial não é garantido pelas sementes de uso próprio ou, principalmente, pelas sementes piratas, uma vez que estas não levam consigo a garantia de origem, e podem obrigar o produtor a utilizar variedades de ciclo mais tardio, o que o expõe a grandes perdas com a ferrugem da soja. Assim, mais um risco pode ser somado ao agricultor que busca uma falsa economia para sua lavoura. A Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (ABRASS) continua a informar que a utilização de semente salva para uso próprio ou de semente pirata é um erro estratégico, tendo em vista que hoje a semente representa um custo entre 9% e 10% de todo o gasto que o sojicultor tem com a lavoura. Ou seja, pensar que a utilização de sementes salvas pode trazer uma “economia” de até R$ 100 por hectares é um engano, pois certamente este valor não cobre o risco da utilização de sementes com qualidade inferior.
Com a semente pirata, onde a “economia” é ainda menor, o risco estratégico é ainda maior, o que pode se somar pelo risco legal, uma vez que produzir, comercializar e utilizar sementes sem origem é crime, punido com duras multas.
Além de tudo que foi citado, é importante destacar o diferencial do Tratamento Industrial de Sementes (TSI) que só a semente certificada pode trazer. Com esta nova tecnologia, a prática da proteção inicial da lavoura é potencializada, uma vez que o tratamento industrial ganha em eficiência em relação ao tratamento “on farm”.
Assim, para não arriscar em um ano de margens apertadas como o atual, o uso de sementes certificadas é essencial para aumentar as chances do produtor no resultado positivo de sua atividade. Isso porque, quando o produtor compra uma semente certificada, ele está adquirindo um produto de qualidade, confiança e procedência.
Publicado na revista Agro DBO – 08/2017
Por Leonardo Machado – Secretário Executivo da ABRASS