O agronegócio acompanha as transformações tecnológicas e digitais. Mais do que isso, acelera a digitalização no campo contribuindo para aumento da produtividade e melhor gestão pelos produtores.
Durante o 13º Congresso de Marketing do Agro ABMRA, realizado pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), o presidente da Associação, Jorge Espanha afirmou que a tecnologia e a inovação no campo impulsionam o processo de mecanização do campo para traz, envolvendo operações orientadas com base em dados precisos por meio de diferentes ferramentas, softwares e sistemas que facilitam a comunicação e produção.
Sem dúvida o Brasil é um grande exemplo do quanto a inovação faz com que o Agro avance e cresça. “Apesar de toda revolução e inovação que vimos no 13º Congresso ABMRA e vemos pelo campo em diversas partes do Brasil, é necessário avançarmos também na transmissão de dados e na cobertura de sinal.”, pondera Ricardo Nicodemos, vice presidente da ABMRA e coordenador do Congresso ABMRA. “É preciso ganhar maior cobertura de sinal para que seja possível ampliar a implantação de tecnologia por todo Brasil.”, diz Nicodemos.
Pedro Henrique Coutinho, CEO da Start Up Olho do Dono, recomenda conhecer os principais indicadores do negócio para buscar evolução. “Na pecuária, por exemplo, o peso no animal é algo crucial para o rendimento da produção: somente 15% das fazendas têm balança e a usam em média 2 vezes por ano. Criamos o Olho do Dono, que inclui tecnologia de câmera 3D portátil em diversos locais da propriedades, para pesar o boi muitas vezes, e no próprio ambiente em que ele está. Só ficarão os pecuaristas que adotarem práticas de gestão e tecnologias para aumentar a produtividade”, informa Coutinho.
O ponto alto da discussão sobre o Agro 4.0 envolve coleta de dados, conectividade, decisão em tempo real e integrações, explica o diretor da Solinftec, Anselmo del Toro Arce. A empresa está há 13 anos no mercado e tem 35 mil equipamentos online distribuídos em 9 países da América Latina. “A ideia é que tudo isso esteja ligado em uma única plataforma, capaz de obter telemetria, monitoramento, mapas de aplicação, controle de custos e muitos outros serviços, gerando maior lucratividade nas culturas, como cana-de-açúcar, grãos e fibras”, explica. Um complicador: 70% das propriedades rurais não têm internet.
“A tecnologia impacta cada vez mais o Agro 4.0, e o futuro dessa agricultura depende de inteligência artificial, utilizando fatores de sucesso como coleta de dados com sensores, robótica, geração de inteligência com dados, execução do campo e rede de concessionários”, assinala Felipe Santos, gerente de Marketing e Planejamento para Agricultura de Precisão da John Deere. Para ele, equipamentos automatizados, mais eficazes, precisos e de fácil manuseio devem ser cada vez mais disseminados. “Essa inteligência artificial no agro é capaz de nos trazer câmeras ativas que otimizam as configurações de colheitas, algoritmos de aprendizagem de marcas com notificações de manutenção e algoritmos de computação gráfica e aprendizagem que diferenciam lavoura de plantas daninhas. Nesse processo, as análises que começaram na fazenda como um todo, evoluem para o talhão, depois o hectare e já estão nas plantas”.
Thiago Vechiato Junqueira, diretor de Experiência do Cliente da divisão agrícola da Bayer, apresentou o Projeto Impulso Bayer, plataforma de relacionamento com produtores, com o objetivo de inspirar e impulsioná-los para o futuro. “Já temos mais de 170 mil agricultores com um nível altíssimo de engajamento. Nossa função é contribuir para o impacto positivo, capacidade de inovação e sustentabilidade”, conta.
“A digitalização do mercado agrícola não acontece só dentro da porteira, mas também fora dela, com a compra de insumos, comercialização de commodities, serviços da lavoura e outros”, detalha Ivan Moreno, CEO da Orbia, marketplace do agronegócio, com 163 mil produtores cadastrados e atendimento de 67% da área plantada. “Ninguém sai de casa para comprar geladeira. O e-commerce avança em ritmo acelerado, inclusive no campo. Isso é agilidade, redução de custos e gestão”.
Há também a questão relacionada ao treinamento e à familiaridade do pequeno e médio produtor com tanta tecnologia: “não podemos esquecer que inteligência artificial, equipamentos de última geração e a melhor conectividade de nada adiantarão se não tivermos produtores e os profissionais da propriedade treinados a aptos para domarem a tecnologia.”, finaliza Ricardo Nicodemos.
Fonte: Agrolink