O mercado de sementes movimenta mais de R$ 10 bilhões ao ano no Brasil, que tem a terceira maior indústria do mundo no setor, atrás de Estados Unidos e China, segundo a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem). O mercado cresceu 122% em dez anos, ao passar de 1,8 milhão de toneladas na safra 2005/06 para 4 milhões em 2015/16. Esse negócio atraente e cada vez envolvendo mais pesquisa, biotecnologia e peso na safra do produtor também atrai falsificadores.
Uma live realizada pelo sistema FAEG discutiu o mercado de insumos agrícolas diante da pandemia de Coronavírus com a participação de executivos da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) e da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (Abrass). Entre os assuntos o mercado de sementes de soja no cenário atual.
O Brasil é o grande produtor mundial da oleaginosa, superando nesta safra o volume de 122 milhões de toneladas e caminha com um agronegócio que foi responsável por quase a metade (48,3%) das exportações de março. André Schwening, presidente da Associação Goiana de Produtores de Sementes e Mudas (Agrosem) e diretor de Projetos e Comissões da Abrass ressalta que a quantidade de semente pirata aumentou no país. Isso porque a alta tecnologia empregada no tratamento de sementes e controle de pragas aumentou a participação da semente no custo total do agricultor, dando a impressão de que a semente encareceu o processo. “O uso de semente pirata além de prejudicar a pesquisa e tirar o incentivo nos investimentos em biotecnologia de semente no país”, ressalta.
Por ano são estimados prejuízos de R$ 2,5 bilhões ao setor e o mais preocupante: estima-se que 30% das sementes usadas hoje são piratas. E não são somente perdas financeiras que o produtor tem com a falsa sensação de custo-benefício. A semente falsificada traz riscos à sanidade da lavoura. Além da perda em produtividade a lavoura fica exposta à disseminação de pragas, doenças e plantas daninhas. A semente sem procedência não tem garantia de qualidade, portanto, não passou por testes de germinação e, provavelmente, não seguiu nenhum critério de conservação entre lavoura, armazenagem e chegada ao produtor. Neste ponto Schwening destaca a dificuldade da legislação, de fiscalizar e flagrar o crime. “Os contraventores conseguem burlar o sistema de royalties de biotecnologia e isso é difícil de detectar. A indústria sementeira tem focado em fortalecer o setor para orientar o produtor em relação a qualidade e produtividade e mostrar que usando um material falsificado ele só tem prejuízo”, comenta.
Clima afetou safra
De acordo com a Abrass o mercado de sementes deve manter volumes um pouco abaixo diante das questões climáticas. Schwening explica que são basicamente seis grandes mercados produtores de sementes no país, regionalizados e diferentes formas de clima num mesmo ano-safra influenciam na produção. A produção foi equilibrada em todas regiões. Algumas como Bahia e Rio Grande do Sul estão finalizando a colheita. No Matopiba a janela de plantio restrita culminou em uma colheita com período menor e ainda afetada com excesso de chuva. No Rio Grande do Sul a estiagem comprometeu muitas lavouras. “Houve sim quebras na maioria das regiões mas não quebras significativas para comprometer o fornecimento de sementes. Não falamos em falta de sementes mas que alguns materiais de soja que são muito demandados possam vir a faltar mas não algo que venha a comprometer e fazer com que o agricultor tenha que optar por outra variedade” destaca.
Qualidade da lavoura até o novo plantio
Durante a transmissão Schwening também falou da profissionalização do setor sementeiro, cada vez mais focado em qualidade com investimento em secagem, recebimento, armazenagem automatizada e controle interno de qualidade para garantir a semente ao produtor e conscientizar ele de que o percurso que a semente faz do sementeiro ate a fazenda e as condições em que fica na fazenda até o plantio, são determinantes para aumentar o potencial.
Já sobre preços ele ressalta que devem subir com a alta do dólar mesmo que o preço das biotecnologias não tenham tido preço alterado.
Fonte: Agrolink