O Brasil confirmou nesta quarta-feira, 26, o primeiro caso de coronavírus no país. Um homem de 61 anos, que voltou de viagem da Itália recentemente, foi diagnosticado em São Paulo. Com isso, o mercado financeiro voltou do feriado de Carnaval bastante apreensivo, levando o dólar a romper R$ 4,44 e o Ibovespa, índice da B3, a despencar mais de 7%.
Desde o início do surto do vírus, o Canal Rural vem convidando economistas para comentarem como o avanço do vírus pode afetar as commodities agrícolas. Abaixo, confira seis pontos de atenção:
1. Dólar pode chegar a R$ 5
Com o avanço do coronavírus, a expectativa é que o dólar continue subindo. De acordo com a Necton Investimentos, a expectativa é que a moeda norte-americana possa chegar a R$ 5 em algum momento. “E o Banco Central pode fazer muito pouco neste momento”, diz o economista-chefe da empresa, André Perfeito.
2. Câmbio favorece produtores do Brasil
Segundo o analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado, com a desvalorização cambial, o Brasil torna-se mais competitivo no mercado internacional. “Isso não é bom para o produtor dos Estados Unidos”, afirma.
3. Economia brasileira pode ser afetada
O surto do coronavírus que está afetando o mercado chinês preocupa o cenário econômico brasileiro para 2020, afirma Silvio Casione, analista político da consultoria Eurasia. “A atividade econômica não respondeu com força para os primeiros estímulos e, a China, vem sofrendo em termos de atividade econômica, o que aumenta o grau de risco”, diz.
4. Fornecimento de defensivos pode ser prejudicado
Com o avanço do coronavírus na China, o agronegócio começa a ficar em alerta, principalmente com a possibilidade da doença impactar o fábricas chinesas de insumos agrícolas e consequentemente o fornecimento dos produtos. Além disso, há também a perspectiva de que o vírus atrapalhe o fluxo logístico no país asiático, de acordo com a Markestrat Consulting Group.
5. Custos e vendas da safra 2020/2021
De acordo com o economista Miguel Daoud, o cenário é de depressão nos preços das commodities, o que pode comprometer os valores da safra 2020/2021. “Dizem que as pessoas pelo mundo continuam comendo, e estão, mas não tem dinheiro para continuar pagando os preços que achamos justo”, comenta. Segundo ele, o produtor precisa rever suas estratégias de comercialização e seus custos neste momento. “Ele tem que começar a fazer a safra 2020/2021, porque ainda tem margem para travar preços com ganhos”, afirma.
6. Insumos podem ficar mais baratos
Os preços internacionais do petróleo recuaram 20% desde o início deste ano e podem cair ainda mais com o avanço do coronavírus pelo mundo, segundo a MacroSector Consultores. Com isso, é esperado que insumos e outras commodities também se desvalorizem. “Não só derivados, como fertilizantes que tem como matéria-prima o petróleo, mas também defensivos, produtos agrícolas e metais”, comenta Fábio Silveira, economista e sócio-diretor da consultoria.
Fonte: Canal Rural