A Companhia Nacional de Abastecimento (Cobab) confirmou que a safra 19/20 de soja fechou com um recorde de 124,8 milhões de toneladas. Para esta safra a previsão é ainda mais recorde, de 133,5 milhões de toneladas, 7% a mais. A produtividade pode chegar a 58,8 sc/ha.
No momento do plantio é que acontecem ações fundamentais para o sucesso da lavoura. Uma falha de semente por metro linear pode gerar perdas de até 400 kg/ha de soja. Mas quem é o grande vilão na distribuição de sementes de soja em dosadores pneumáticos? Condutor de sementes? Diâmetro do disco? Ou a rotação do disco?
Quem ajuda nesta análise é o engenheiro agrônomo, consultor em agronegócio e fundador da J.Assy, empresa voltada para tecnologias no plantio, Zé Roberto Assy. O especialista promete revelar, pela primeira vez, os segredos sobre a distribuição espaçada de sementes de soja, propriedade intelectual envolvida nesse processo e qual país vai plantar cada vez melhor soja e superar os concorrentes.
Quais os erros e acertos?
A empresa lançou o primeiro dosador pneumático em 2017. Com bons resultados na safrinha de milho, a de soja teve percalços. Com isso decidiu fazer uma observação mais criteriosa a campo para descobrir o que impactava a distribuição de sementes em dosadores pneumáticos. O experimento foi feito no Mato Grosso do Sul, com uso de câmeras, data loggers e adaptadores pneumáticos. Assy conta que a primeira constatação foi surpreendente. “A maioria dos erros na distribuição das sementes de soja ocorre por ocasião da soltura delas feita pelo disco, no momento do corte do vácuo. O furo do disco e a dinâmica da semente nesse momento crucial são os vilões ou os heróis”, explica.
O experimento seguiu em laboratório, com simulação em uma pista de 12 metros de comprimento, onde um carrinho elétrico puxa uma linha de plantio, e as sementes caem na graxa. Foi analisada cada etapa da queda da semente, em detalhes. “Comparamos diversos dosadores pneumáticos do mercado e percebemos que havia muito espaço para melhorias. Chegamos a uma descoberta simples, mas surpreendente. Existe um formato ideal e uma dinâmica ideal do disco que minimizam os erros”, comenta. Com isso nasceu em 2018 o SojaFlow, tecnologia para distribuição espaçada de soja do mercado.
Com a descoberta brasileira foi necessário patentear para assegurar a propriedade intelectual. “Com isso nós concluímos que existe uma correlação entre tamanho e velocidade tangencial do disco e ainda número e formato dos furos que minimizam a relevância do condutor de sementes e até da velocidade de plantio”, comenta Assy.
Ele ainda destaca que discos girando em baixas rotações, ao contrário do que se imagina atualmente, podem ser desastrosos para a distribuição espaçada de sementes de soja. Os condutores, desde que projetados e alinhados com a dinâmica do dosador, não são os vilões dessa novela, para plantios em velocidade que as condições de solo permitirem. O grafite também ajuda na distribuição espaçada de semente e ajuda a não atrasar quando se solta do disco. “A pesquisa agronômica destaca a importância da distribuição espaçada de sementes na produtividade da soja”, finaliza.
Fonte: Agrolink