O campo exige cada vez mais máquinas e, consequentemente, novas tecnologias nelas. Há a necessidade de um aumento da eficiência das operações, uma vez que o país tem uma deficiência de mão de obra rural.


Como calibrar a demanda do agricultor com um produto condizente com suas necessidades e de fácil acesso? Deixar as máquinas cada vez mais amigáveis e com sistemas de controles mais acessíveis, responde Rafael Miotto, vice-presidente da New Holland Agriculture para a América do Sul.


Existe um investimento na formação e preparação das pessoas, mas é importante que as máquinas sejam mais fáceis de serem operadas e reguladas. “Há uma tendência de automação, mas ela deve ser feita com uma simplicidade das máquinas”, acrescenta.


Não é fácil atingir o ponto ideal de equilíbrio. Há uma formação de profissionais hoje, mas não adianta colocar muita tecnologia e automação na máquina e exigir complexa calibração de contatos eletrônicos.

Esse foi um erro da indústria nos últimos dez anos. As máquinas não eram amigáveis para o operador. A tecnologia é necessária, mas a operação deve ser simplificada, segundo o executivo.


O avanço da agricultura de precisão é necessário, uma vez que o produtor precisa reduzir os custos e elevar produtividade. De maneira amigável, as máquinas devem permitir a aceleração da implantação de mapeamento e entendimento da lavoura, o que auxilia na tomada de decisão.

A agricultura de precisão está muito complicada, muitas vezes com software de difíceis uso e compreensão para o agricultor. Ela tem coisa boa, mas precisa continuar aumentando a capacidade de aplicação inteligente no campo e facilitar seu uso. As startups têm ajudado, segundo Miotto. O cenário será ainda melhor com a conectividade em tempo real.


Em busca de máquinas com tecnologia mais amigável, desempenho melhor e custos menores nas operações, a New Holland está fazendo mudanças em sua linha de colheitadeiras, afirma Miotto.

Dentro da linha de automação, a empresa faz um dos seus lançamentos mais importantes da história recente da empresa, segundo o executivo.


O acompanhamento das necessidades dos produtores nos últimos anos resultou em uma máquina com maior automação, custo baixo, eficiência na colheita, conforto e agregação de tecnologia, afirma ele.

O executivo revela, porém, que foram momentos de preocupação durante o processo de mudanças. Fazer uma máquina extremamente tecnológica, fora da lógica do acesso econômico do produtor, ou ou manter o padrão da relação custo-benefício. Venceu o segundo.


“Colocamos tecnologia e fizemos inovações que aumentam o benefício, sem colocar coisas que o produtor não vai usar”, diz o executivo.

As mudanças foram na cabine, agora com mais espaço, mais automação, abertura e fechamento elétrico de peneiras e automação na parte de limpeza. Miotto diz que a TC, uma máquina que está próxima das 40 mil unidades vendidas na América Latina, ganha uma irmã: a TX.


Ela é um passo além em capacidade, possui duplo rotor, trabalha com plataformas maiores e tem capacidade maior de colheita do que a TC. Ela ganha maior capacidade, mas sem complicação tecnológica, diz o executivo da New Holland.


A produção brasileira de grãos cresce, e a demanda por máquinas aumenta. A produção industrial deste ano, porém, foi afetada pela pandemia e deve terminar o ano com recuo. “Tivemos uma parada de quase um mês e uma redução no fornecimento de insumos, que ainda não está regularizado. Do outro lado, a agricultura demanda equipamentos, porque está saudável, independentemente da Covid-19”, diz.


Essa demanda maior por máquinas do que a oferta vai ser normalizada em algum momento, prevê. Ele acredita que a demanda deveria ser ainda maior, tendo em vista os recordes de safra.


O produtor, contudo, não está descolado do cenário econômico geral ao redor dele. Com isso, investe com cautela e faz apenas os investimentos estritamente necessários, afirma.

Por Mauro Zafalon/Vaivém das CommoditiesFonte: Folha de S.Paulo - http://tempuri.org/tempuri.html