A pandemia do novo coronavírus forçou a sociedade a adotar medidas de isolamento social. Com o distanciamento físico, a tecnologia se tornou essencial para conectar compradores e vendedores, de forma a manter pequenas empresas vivas. Segundo o time de especialistas ouvidos pelo Canal Rural News, o agronegócio não pode ficar de fora desta revolução.


“Para o pequeno e médio produtor foi um choque muito duro. O Senar e o Sebrae estão fazendo um trabalho muito grande para intensificar [a digitalização]”, afirma o presidente do Sebrae São Paulo, Tirso Meirelle. Além dele, participaram do programa sobre Tecnologia e seus recursos em tempos de coronavírus, o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, e o consultor em finanças e tecnologia, Alisson Siqueira.


Da Luz afirma que não pode-se mudar o fato de que estamos vivendo uma pandemia, sendo necessário agora retirar algo de bom. “Não vamos só triunfar contra este vírus, como tirar muitos aprendizados. Estava conversando esses dias sobre remates virtuais; olha quanto coisa boa e positiva vem surgindo”, afirma o economista.


Novidades em meio à pandemia

O presidente do Sebrae exemplificou as inovações que têm surgido com o case do Pertinho De Casa, uma plataforma online que conecta oferta e demanda. “Ele vai localizar quem está mais perto da casa dele, não tem atravessador, e pode se conectar pelo Facebook para fechar negócios. Fizemos a princípio pensando no setor de flores, que como o hortifrutigranjeiro passa por uma situação delicada. São produtos que têm vida muito curta depois de retirados do campo”, diz.


O consultor Alisson Siqueira está desenvolvendo, em parceria com quatro sócios, uma fintech, startup voltada a ajudar o produtor a entender o mercado financeiro e seus mecanismos de proteção e financiamento. “Ainda é natural deste público ter receio por não conhecer ou ter domínio suficiente para avaliar quais são as melhores oportunidades. É uma plataforma com informações claras e objetivas, na linguagem com a qual ele está acostumado”. Segundo ele, o produtor conseguirá testar os mecanismos financeiros, como empréstimos, dentro da própria aplicação.


Inovação no mundo do crédito rural

Da Luz fala que a tecnologia e a necessidade devem revolucionar o mercado brasileiro de crédito, que cada vez atende menos produtores rurais. “Faz sentido ficarmos dependentes deste modelo? Poderemos ter um sistema ponta a ponta, que conecte produtor que precisa de recurso e investidor, sem passar por um banco com estrutura pesada. Boa parte do spread é usada para pagar custos fixos”, diz.


Além disso, segundo o economista, é preciso aprender a usar melhor a Cédula de Produtor Rural (CPR). “Às vezes é caro emitir por causa da burocracia, mas estão surgindo registradoras virtuais. Vou me reunir com uma pessoa que apresentará uma empresa que faz isso. Depois, é registrar de forma virtual na B3. Olha o quanto estamos baixando o custo disso”, diz.


Atraindo quem sabe fazer

O Senar desenvolve o programa AgroUp, uma iniciativa que visa desenvolver ambientes de inovação voltados ao agronegócio, segundo Antônio da Luz. Ele afirma que ações como essa são importantes para atrair quem sabe inovar do campo. “Tem uma menina nas universidades querendo investir em startups e há muita gente disposta a investir, porque hoje essas empresas são de garagem, mas podem ser as grandes do setor amanhã. O que eles querem é ganhar dinheiro e nós temos muitos problemas para serem solucionados”, ressalta. Para ele, o grande desafio do século 21 é tornar a agricultura mais eficiente, o que só será possível através da tecnologia.


Fonte: Canal Rural