O tamanduá, raspador ou bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus) é um inseto de grande relevância na cultura, podendo causar danos tanto na sua fase larval quanto adulta. Somado a isso, o início do seu ciclo de desenvolvimento coincide simultaneamente com o período de semeadura da soja. A incidência de um a dois adultos do inseto por metro linear de fileira, nos estágios V2-V5 da cultura, pode ocasionar reduções na produtividade de 7 a 14 sacas de soja por hectare (SILVA, 2000).
Essa espécie apresenta um ciclo biológico peculiar, com fases variando quanto à duração (Tabela 1). Os adultos (Figura 1A) raspam o caule e desfiam os tecidos no local de ataque. Para realizar a oviposição, a fêmea faz um anelamento, cortando todo o córtex (casca) da haste principal e depositando os ovos em orifícios que ficam protegidos pelas fibras do tecido cortado (Figura 1B).
Tabela 1. Duração das fases do ciclo biológico do tamanduá-da-soja.
OVO ATÉ 5º ÍNSTAR LARVAL | 25 – 44 DIAS |
LARVA HIBERNANTE | 270 DIAS |
PUPA | 14 – 17 DIAS |
ADULTO | 63 – 119 DIAS |
Fonte: Embrapa (2012).
Após isso, a larva se desenvolve dentro da haste da planta de soja, passando pela fase de ovo e cinco ínstares larvais (Figura 1C). À medida que as larvas crescem, ocorre um engrossamento do caule, interrompendo a passagem de seiva e formando uma galha (Figura 1D). Ainda, de acordo com Hoffmann-Campo et al. (2012), a formação dessa galha no caule lignificado deixa esse local muito fragilizado, podendo quebrar por ação de agentes externos (vento e chuva, por exemplo).
Após completar o seu desenvolvimento no interior da galha, a larva do tamanduá-da-soja desce até o solo e inicia um processo de hibernação, que irá perdurar até a estação seguinte de cultivo (Figura 1E). A fase de pupa ocorre no solo (Figura 1F). Por fim, os adultos emergem novamente, completando o ciclo com cerca de um ano de duração.
Figura 1. Sternechus subsignatus: (a) adulto, (b) ovos, (e) larva, (d) galha, (e) larva hibernante, (f) pupa.
Fonte: Senar – PR. Confira a imagem original clicando aqui.
A compreensão das fases que compõem o ciclo do tamanduá-da-soja relaciona-se diretamente à escolha das medidas de manejo, com suas respectivas tomadas de decisão. Quando a fase larval está ocorrendo no solo (hibernante), a medida mais adequada para proteção da lavoura é o tratamento de sementes; já quando em fase adulta, na parte aérea das planas de soja, recomenda-se o tratamento via pulverização foliar.
Portanto, trata-se de uma praga altamente adaptada ao cultivo da soja, coincidindo o início de seu ciclo com a semeadura da cultura. O tamanduá-da-soja possui um ciclo biológico peculiar, tendo fases de desenvolvimento dentro do caule da soja e outras dentro do solo; após se tornar adulto, o inseto ataca a parte aérea das plantas e realiza a oviposição, iniciando um novo ciclo. Desse modo, é imprescindível que se realize o monitoramento das lavouras, visando à tomada de decisão mais adequada para controle da praga.
Fonte: Mais Soja